Abertura do Caminho dos Conventos – Conforme Cristóvão Pereira de Abreu

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25/11/2019 por FG Rincão da Forquilha

A abertura do Caminho dos Conventos atendeu a necessidade de uma via terrestre transitável por tropas ligando Colônia do Sacramento a São Paulo. Cristóvão Pereira de Abreu foi o primeiro tropeiro a utilizá-lo.

Segundo relato de Cristóvão Pereira de Abreu, os dirigentes das vilas litorâneas entre Santos e Laguna não tinham interesse comercial na abertura do caminho terrestre, pois seus negócios seriam prejudicados. Atuaram de várias formas para que a empreitada de Francisco de Souza Faria não tivesse êxito.

Sabendo na Colônia do Sacramento da notícia da abertura de novo caminho a partir de Laguna, Cristóvão se deslocou até Laguna para ver o estado em que se encontrava os trabalhos. Encontrou Francisco de Souza e Faria ainda em Laguna em sérias dificuldades para iniciar os trabalhos. Tomou as devidas providências para que se iniciassem os trabalhos em fevereiro de 1728.

Retornou a Colônia e tomou providências para reunir uma tropa de cavalos e muares para passar pelo novo caminho.

No final de outubro de 1731 chegou na entrada do caminho com 800 cavalgaduras. No local encontrou várias pessoas com um grande número de animais, aguardando notícia certa se os descobridores do caminho haviam chegado a Curitiba.

Circulavam informações de que o caminho teria que ser reformado para ser utlizado e que seria alvo de possíveis ataques dos tapes.

Então tomou as rédeas e resolveu examinar o caminho com mais três homens. Permaneceu 2 dias no alto da serra, vendo apenas campos e gado.

Como o caminho necessitava de reformas, deixou a tropa e foi a São Paulo falar com o governador.  Recebeu recursos para contratar pessoas, armas e ferramentas. Retornando ao caminho, adentrou com pouco mais de 60 pessoas para fazer os serviços de limpeza e construção de pontes e estivas, perdendo um longo tempo nestes serviços.

Concluído os serviços de subida da serra, marchou com perto de 3.000 cavalgaduras e um pouco mais de 130 pessoas até o alto da serra.

Chegando lá com a tropa, acampou e fez novas diligências sobre o caminho aberto pelo descobridor, notando que a rota que bordeava a serra apresentava muita dificuldade, além de dar uma grande volta. O caminho aberto pelos descobridores bordeava a serra até próximo a Bom Retiro, onde tomava a direção de Curitibanos.

Resolveu fazer um atalho mais pela campanha até chegar a Curitibanos.   Relata que o caminho foi deixado em perfeito estado para uso, com construção de estivas e mais de 300 pontes, além de canoas nos rios. Calcula que pelo novo caminho pessoas a pé possam percorrê-lo em menos de 1 mês. Devido aos trabalhos executados durante o percurso, demorou 13 meses com sua tropa nesta primeira tropeada.

Reclama do fechamento do caminho em razão da Guerra Luso-Espanhola. Informa também que com a povoação dos campos de Viamão será possível descobrir novo atalho para a subida da serra. Então o desvio deste caminho por Viamão foi realizado por Cristóvão Pereira de Abreu após o início de 1738.

Já em 20/06/1746, Cristóvão Pereira de Abreu faz requerimento ao rei D. João V pedindo que se lhe conceda por 12 anos, metade dos rendimentos dos direitos pagos pelo gado que passa pelo registro de Curitiba, como pagamento aos seus bons serviços prestados a coroa.

A íntegra  do relato de 1738 do coronel Christovão Pereira d’Abreu ao padre Diogo Soares foi publicada na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Tomo LXIX, parte I, pags. 255 a 259.

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